terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A garota mais sem graça que eu já conheci

Que ninguém se ofenda, pois não é essa a intenção. Amém.

Devia ter doze anos quando a conheci. Entrou na minha turma, na escola, no começo do ano, como qualquer pessoa. Ela não tinha apelido, como era de se esperar. Mais tarde, as amigas a chamavam pela primeira sílaba do nome, o que também era completamente previsível.

Ela passou pela escola sem maior dificuldade. Teve lá seus problemas: se não me engano não gostava de matemática, não ia muito bem em português e talvez não entendesse química direito. Ou física, não sei. Talvez as duas. Ficou de recuperação algumas vezes, outras não. Nada severamente preocupante. Não era, assim, uma das piores alunas - conversava na aula, mas não a ponto de se atrapalhar demais, ou se atrapalhar os outros. Com quem ela conversava eu não sei - provavelmente com quem sentava ali perto, faz mais sentido. Também nunca foi uma das melhores: se a professora sabia seu nome, não faço ideia do motivo. Não chamava a atenção, mas também não era necessário que chamassem a sua. Ninguém tinha por que reclamar dela, pois realmente não fazia nada.

Não direi que era feia - confesso que não fazia o meu tipo, mas talvez ela tivessa um namorado. Ou tivesse tido. Ou tenha tido, quem sabe até tenha agora. De qualquer forma, não era de todo mal, mas também não era bela a ponto de se destacar na multidão. Na formatura garanto que estava bonita, pelo simples fato de que TODA garota fica bonita na sua formatura. Quando não fica, é sinal de que há ali o que não tem salvação - mau gosto. Mas não falta de beleza, salvo casos berrantes. Aqui evidentemente não era um desses, pois se fosse seria fácil de lembrar. Agora que vejo, eu também não a vi berrar. Nem viria. Bem, não era apenas mais um rostinho bonito, mas não dava medo. Se não me falha a memória ela tinha um sorriso simpático. Talvez seja só minha imaginação, mas convenhamos que trata-se de algo plenamente plausível.

O fato é que ela nunca chamou atenção, nem para algo bom, nem para algo ruim. Jamais atraiu o gosto ou o desgosto. Não usava roupas estranhas, nunca lançou moda. Não passou gripe pra ninguém, não contou piada também. Todo esse tempo eu tinha certeza de que era uma pessoa que eu ia esquecer com facilidade, pelo simples fato de não ter o que guardar. Aconteceu de sairmos juntos no mesmo grupo, e provavelmente demos risadas das mesmas coisas, mas e daí? Poderia substituí-la por uma pessoa anônima genérica que daria na mesma. Quem era amigo dela? Umas amigas minhas. Mas quais eram as verdadeiras amigas, aquelas inseparáveis e tudo o mais? Não sei. Certamente havia alguém - prefiro acreditar que havia. Também nunca a vi bêbada; não que isso fosse parâmetro, mas vale acrescentar que ela não davaz esse tipo de vexame - na verdade, não lembro muito de tê-la visto em alguma festa ou semelhante, de qualquer forma.

Seu nome tinha um H? Não lembro. Acho que tinha acento. Hoje ela deve estar fazendo direito em alguma faculdade aleatória, ou cursinho, não sei. Mas certamente não era algo que me fizesse lembrar. Se fosse algum curso profundamente patético ou sem sentido, ou algo ousado, novo e desafiador, não teria como esquecer. Mas não, talvez fosse administração, quem sabe. Não faz muita diferença.

Talvez daqui a anos, décadas, nós nos encontremos. Um corredor de supermercado, uma fila de banco. "Olha, amor, eu acho que estudei com aquela ali. Só não lembro onde foi. Ah, deve ser conhecida de outro lugar. Ela é vizinha nossa?" - por outro lado, tenho uma ligeira impressão que posso demorar mais esquecer que vou esquecê-la: por incrível e ilógico que pareça, acabou por ser o exemplo insuperável (insuperado) de pessoa quase-interessantemente desinteressante. Não que ela realmente o fosse, creio que não era. Prefiro imaginar que não. Mas simplesmente não havia o que achar! Não se tratava de uma miss-teriosa, eram apenas detalhes (sequer segredos) que ninguém tinha vontade de saber.

Se algum dia alguém acabar por superar tamanha falta de... de je ne sais quoi, terei aí um sincero paradoxo: mais chato é quem é lembrado ou esquecido, tão chato que é?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mais um post metalinguístico

Tenho vontade de escrever. Tenho muita vontade de escrever, na verdade. O que não tenho tanto é tempo, preciso dormir esta noite, recuperar as horas perdidas na labuta da madrugada passada, tentar pôr em dia o sono perdido aos poucos durante a semana, a hora diária que se acumula em cansaço. Mas também preciso escrever, tenho tarefas e trabalhos a cumprir; é relatório, é seminário; purgatório, corolário. Bastante pra pensar, pra ex-pôr no papel, pra escrever até perder a vontade.

Mas ela não some. O que eu quero mais escrever não é o que me mandam, não é o que consta nas minhas obrigações e me comprometo a fazer. A sede que me dá é a de mostrar minha ideia e opinião, mostrar ao mundo - e não só ao mundo que me rodeia, mas ao mundo que eu alcanço, que está longe dos meus braços e das minhas mãos, mas não dos meus olhos, dos meus ouvidos. A ânsia vem daquele detalhe que parece que só eu reparei, da falta que eu sinto e não percebia, da beleza que eu não via. Provavelmente nem é nada tão relevante, mas é, pra mim. E talvez seja isso - para mim. Talvez o post no blog não seja tanto para os leitores, massim para o próprio autor. Para o luxo de seu ego? Para achar que escreve? Para pensar que é lido, ou, quando isso se realiza, crer em si mesmo, crer nas próprias palavras? Talvez. Seria uma ótima maneira de uma mentira se fazer acreditada: não é ela que vira verdade, quando dita mil vezes?

Eu não acredito muito nisso. A frase da mentira dá pra discutir, mas não estou falando dela; para mim, o blog não é só para o bel-prazer de ser lido. Também não só pra escrever, porque pra isso tem diário, e sei lá, não se coloca algo na internet pensando que nunca será lido. Não, não, acho que o blog tem outra função. Qual, então? Informar? Certamente não o caso deste. Ao menos não no sentido mais imediato de informar. Seria, então, unir o útil ao agradável, escrevendo quem goste de escrever e lendo quem gosta de ler? Perhaps.

Agora vou dormir, PQP, que canseira.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Isaac Asimov - A Última Pergunta

Um texto impressionante de um cara que escreveu coisas impressionantes. Nada mais.


Isaac Asimov - A Última Pergunta

A última pergunta foi feita pela primeira vez, meio que de brincadeira, no dia 21 de maio de 2061, quando a humanidade dava seus primeiros passos em direção à luz. A questão nasceu como resultado de uma aposta de cinco dólares movida a álcool, e aconteceu da seguinte forma...

Alexander Adell e Bertram Lupov eram dois dos fiéis assistentes de Multivac. Eles conheciam melhor do que qualquer outro ser humano o que se passava por trás das milhas e milhas da carcaça luminosa, fria e ruidosa daquele gigantesco computador. Ainda assim, os dois homens tinham apenas uma vaga noção do plano geral de circuitos que há muito haviam crescido além do ponto em que um humano solitário poderia sequer tentar entender.

Multivac ajustava-se e corrigia-se sozinho. E assim tinha de ser, pois nenhum ser humano poderia fazê-lo com velocidade suficiente, e tampouco da forma adequada. Deste modo, Adell e Lupov operavam o gigante apenas sutil e superficialmente, mas, ainda assim, tão bem quanto era humanamente possível. Eles o alimentavam com novos dados, ajustavam as perguntas de acordo com as necessidades do sistema e traduziam as respostas que lhes eram fornecidas. Os dois, assim como seus colegas, certamente tinham todo o direito de compartilhar da glória que era Multivac.

Por décadas, Multivac ajudou a projetar as naves e enredar as trajetórias que permitiram ao homem chegar à Lua, Marte e Vênus, mas para além destes planetas, os parcos recursos da Terra não foram capazes de sustentar a exploração. Fazia-se necessária uma quantidade de energia grande demais para as longas viagens. A Terra explorava suas reservas de carvão e urânio com eficiência crescente, mas havia um limite para a quantidade de ambos.

No entanto, lentamente Multivac acumulou conhecimento suficiente para responder questões mais profundas com maior fundamentação, e em 14 de maio de 2061, o que não passava de teoria tornou-se real.

A energia do sol foi capturada, convertida e utilizada diretamente em escala planetária. Toda a Terra paralisou suas usinas de carvão e fissões de urânio, girando a alavanca que conectou o planeta inteiro a uma pequena estação, de uma milha de diâmetro, orbitando a Terra à metade da distância da Lua. O mundo passou a correr através de feixes invisíveis de energia solar.

Sete dias não foram o suficiente para diminuir a glória do feito e Adell e Lupov finalmente conseguiram escapar das funções públicas e encontrar-se em segredo onde ninguém pensaria em procurá-los, nas câmaras desertas subterrâneas onde se encontravam as porções do esplendoroso corpo enterrado de Multivac. Subutilizado, descansando e processando informações com estalos preguiçosos, Multivac também havia recebido férias, e os dois apreciavam isso. A princípio, eles não tinham a intenção de incomodá-lo.

Haviam trazido uma garrafa consigo e a única preocupação de ambos era relaxar na companhia do outro e da bebida.

"É incrível quando você pára pra pensar…," disse Adell. Seu rosto largo guardava as linhas da idade e ele agitava o seu drink vagarosamente, enquanto observava os cubos de gelo nadando desengonçados. "Toda a energia que for necessária, de graça, completamente de graça! Energia suficiente, se nós quiséssemos, para derreter toda a Terra em uma grande gota de ferro líquido, e ainda assim não sentiríamos falta da energia utilizada no processo. Toda a energia que nós poderíamos um dia precisar, para sempre e eternamente."

Lupov movimentou a cabeça para os lados. Ele costumava fazer isso quando queria contrariar, e agora ele queria, em parte porque havia tido de carregar o gelo e os utensílios. "Eternamente não," ele disse.

"Ah, diabos, quase eternamente. Até o sol se apagar, Bert."

"Isso não é eternamente."

"Está bem. Bilhões e bilhões de anos. Dez bilhões, talvez. Está satisfeito?"

Lupov passou os dedos por entre seus finos fios de cabelo como que para se assegurar de que o problema ainda não estava acabado e tomou um gole gentil da sua bebida. "Dez bilhões de anos não é a eternidade"

"Bom, vai durar pelo nosso tempo, não vai?"

"O carvão e o urânio também iriam."

"Está certo, mas agora nós podemos ligar cada nave individual na Estação Solar, e elas podem ir a Plutão e voltar um milhão de vezes sem nunca nos preocuparmos com o combustível. Você não conseguiria fazer isso com carvão e urânio. Se não acredita em mim, pergunte ao Multivac."

"Não preciso perguntar a Multivac. Eu sei disso"

"Então trate de parar de diminuir o que Multivac fez por nós," disse Adell nervosamente, "Ele fez tudo certo".

"E quem disse que não fez? O que estou dizendo é que o sol não vai durar para sempre. Isso é tudo que estou dizendo. Nós estamos seguros por dez bilhões de anos, mas e depois?" Lupov apontou um dedo levemente trêmulo para o companheiro. "E não venha me dizer que nós iremos trocar de sol"

Houve um breve silêncio. Adell levou o copo aos lábios apenas ocasionalmente e os olhos de Lupov se fecharam. Descansaram um pouco, e quando suas pálpebras se abriram, disse, "Você está pensando que iremos conseguir outro sol quando o nosso estiver acabado, não está?"

"Não, não estou pensando."

"É claro que está. Você é fraco em lógica, esse é o seu problema. É como o personagem da história, que, quando surpreendido por uma chuva, corre para um grupo de árvores e abriga-se embaixo de uma. Ele não se preocupa porque quando uma árvore fica molhada demais, simplesmente vai para baixo de outra."

"Entendi," disse Adell. "Não precisa gritar. Quando o sol se for, as outras estrelas também terão se acabado."

"Pode estar certo que sim" murmurou Lupov. "Tudo teve início na explosão cósmica original, o que quer que tenha sido, e tudo terá um fim quando as estrelas se apagarem. Algumas se apagam mais rápido que as outras. Ora, as gigantes não duram cem milhões de anos. O sol irá brilhar por dez bilhões de anos e talvez as anãs permaneçam assim por duzentos bilhões. Mas nos dê um trilhão de anos e só restará a escuridão. A entropia deve aumentar ao seu máximo, e é tudo."

"Eu sei tudo sobre a entropia," disse Adell, mantendo a sua dignidade.

"Duvido que saiba."

"Eu sei tanto quanto você."

"Então você sabe que um dia tudo terá um fim."

"Está certo. E quem disse que não terá?"

"Você disse, seu tonto. Você disse que nós tínhamos toda a energia de que precisávamos, para sempre. Você disse ´para sempre`."

Era a vez de Adell contrariar. "Talvez nós possamos reconstruir as coisas de volta um dia," ele disse.

"Nunca."

"Por que não? Algum dia."

"Nunca"

"Pergunte a Multivac."

"Você pergunta a Multivac. Eu te desafio. Aposto cinco dólares que isso não pode ser feito."

Adell estava bêbado o bastante para tentar, e sóbrio o suficiente para construir uma sentença com os símbolos e as operações necessárias em uma questão que, em palavras, corresponderia a esta: a humanidade poderá um dia sem nenhuma energia disponível ser capaz de reconstituir o sol a sua juventude mesmo depois de sua morte?

Ou talvez a pergunta possa ser posta de forma mais simples da seguinte maneira: A quantidade total de entropia no universo pode ser revertida?

Multivac mergulhou em silêncio. As luzes brilhantes cessaram, os estalos distantes pararam.

E então, quando os técnicos assustados já não conseguiam mais segurar a respiração, houve uma súbita volta à vida no visor integrado àquela porção de Multivac. Cinco palavras foram impressas: "DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA."

Na manhã seguinte, os dois, com dor de cabeça e a boca seca, já não lembravam do incidente.

* * *

Jerrodd, Jerrodine, e Jerrodette I e II observavam a paisagem estelar no visor se transformar enquanto a passagem pelo hiperespaço consumava-se em uma fração de segundos. De repente, a presença fulgurante das estrelas deu lugar a um disco solitário e brilhante, semelhante a uma peça de mármore centralizada no televisor.

"Este é X-23," disse Jerrodd em tom de confidência. Suas mãos finas se apertaram com força por trás das costas até que as juntas ficassem pálidas.

As pequenas Jerodettes haviam experimentado uma passagem pelo hiperespaço pela primeira vez em suas vidas e ainda estavam conscientes da sensação momentânea de tontura. Elas cessaram as risadas e começaram a correr em volta da mãe, gritando, "Nós chegamos em X-23, nós chegamos em X-23!"

"Quietas, crianças." Disse Jerrodine asperamente. "Você tem certeza Jerrodd?"

"E por que não teria?" Perguntou Jerrodd, observando a protuberância metálica que jazia abaixo do teto. Ela tinha o comprimento da sala, desaparecendo nos dois lados da parede, e, em verdade, era tão longa quanto a nave.

Jerrodd tinha conhecimentos muito limitados acerca do sólido tubo de metal. Sabia, por exemplo, que se chamava Microvac, que era permitido lhe fazer questões quando necessário, e que ele tinha a função de guiar a nave para um destino pré-estabelecido, além de abastecer-se com a energia das várias Estações Sub-Galácticas e fazer os cálculos para saltos no hiperespaço.

Jerrodd e sua família tinham apenas de aguardar e viver nos confortáveis compartimentos da nave. Alguém um dia disse a Jerrodd que as letras "ac" na extremidade de Microvac significavam "automatic computer" em inglês arcaico, mas ele mal era capaz de se lembrar disso.

Os olhos de Jerrodine ficaram úmidos quando observava o visor. "Não tem jeito. Ainda não me acostumei com a idéia de deixar a Terra."

"Por que, meu deus?" inquiriu Jerrodd. "Nós não tínhamos nada lá. Nós teremos tudo em X-23. Você não estará sozinha. Você não será uma pioneira. Há mais de um milhão de pessoas no planeta. Por Deus, nosso bisneto terá que procurar por novos mundos porque X-23 já estará super povoado." E, depois de uma pausa reflexiva, "No ritmo em que a raça tem se expandido, é uma benção que os computadores tenham viabilizado a viagem interestelar."

"Eu sei, eu sei", disse Jerrodine com descaso.

Jerrodete I disse prontamente, "Nosso Microvac é o melhor de todos."

"Eu também acho," disse Jerrodd, alisando o cabelo da filha.

Ter um Microvac próprio produzia uma sensação aconchegante em Jerrodd e o deixava feliz por fazer parte daquela geração e não de outra. Na juventude de seu pai, os únicos computadores haviam sido máquinas monstruosas, ocupando centenas de milhas quadradas, e cada planeta abrigava apenas um. Eram chamados de ACs Planetários. Durante um milhar de anos, eles só fizeram aumentar em tamanho, até que, de súbito, veio o refinamento. No lugar dos transistores, foram implementadas válvulas moleculares, permitindo que até mesmo o maior dos ACs Planetários fosse reduzido à metade do volume de uma espaçonave.

Jerrodd sentiu-se elevado, como sempre acontecia quando pensava que seu Microvac pessoal era muitas vezes mais complexo do que o antigo e primitivo Multivac que pela primeira vez domou o sol, e quase tão complexo quanto o AC Planetário da Terra, o maior de todos, quando este solucionou o problema da viagem hiperespacial e tornou possível ao homem chegar às estrelas.
"Tantas estrelas, tantos planetas," pigarreou Jerrodine, ocupada com seus pensamentos. "Eu acho que as famílias estarão sempre à procura de novos mundos, como nós estamos agora."

"Não para sempre," disse Jerrodd, com um sorriso. "A migração vai terminar um dia, mas não antes de bilhões de anos. Muitos bilhões. Até as estrelas têm um fim, você sabe. A entropia precisa aumentar."

"O que é entropia, papai?" Jerrodette II perguntou, interessada.

"Entropia, meu bem, é uma palavra para o nível de desgaste do Universo. Tudo se gasta e acaba, foi assim que aconteceu com o seu robozinho de controle remoto, lembra?"

"Você não pode colocar pilhas novas, como em meu robô?"

"As estrelas são as pilhas do universo, querida. Uma vez que elas estiverem acabadas, não haverá mais pilhas."

Jerrodette I se prontificou a responder. "Não deixe, papai. Não deixe que as estrelas se apaguem."

"Olha o que você fez," sussurrou Jerrodine, exasperada.

"Como eu ia saber que elas ficariam assustadas?" Jerrodd sussurrou de volta.

"Pergunte ao Microvac," propôs Jerrodette I. "Pergunte a ele como acender as estrelas de novo."

"Vá em frente," disse Jerrodine. "Ele vai aquietá-las." (Jerrodette II já estava começando a chorar.)

Jerrodd se mostrou incomodado. "Bem, bem, meus anjinhos, vou perguntar a Microvac. Não se preocupem, ele vai nos ajudar."

Ele fez a pergunta ao computador, adicionando, "Imprima a resposta".

Jerrodd olhou para a o fino pedaço de papel e disse, alegremente, "Viram? Microvac disse que irá cuidar de tudo quando a hora chegar, então não há porque se preocupar."

Jerrodine disse, "E agora crianças, é hora de ir para a cama. Em breve nós estaremos em nosso novo lar."

Jerrodd leu as palavras no papel mais uma vez antes de destruí-lo: DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.

Ele deu de ombros e olhou para o televisor, X-23 estava logo à frente.

* * *

VJ-23X de Lameth fixou os olhos nos espaços negros do mapa tridimensional em pequena escala da Galáxia e disse, "Me pergunto se não é ridículo nos preocuparmos tanto com esta questão."

MQ-17J de Nicron balançou a cabeça. "Creio que não. No presente ritmo de expansão, você sabe que a galáxia estará completamente tomada dentro de cinco anos."

Ambos pareciam estar nos seus vinte anos, ambos eram altos e tinham corpos perfeitos.

"Ainda assim," disse VJ-23X, "hesitei em enviar um relatório pessimista ao Conselho Galáctico."

"Eu não consigo pensar em outro tipo de relatório. Agite-os. Nós precisamos chacoalhá-los um pouco."

VJ-23X suspirou. "O espaço é infinito. Cem bilhões de galáxias estão a nossa espera. Talvez mais."

"Cem bilhões não é o infinito, e está ficando menos ainda a cada segundo. Pense! Há vinte mil anos, a humanidade solucionou pela primeira vez o paradigma da utilização da energia solar, e, poucos séculos depois, a viagem interestelar tornou-se viável. A humanidade demorou um milhão de anos para encher um mundo pequeno e, depois disso, quinze mil para abarrotar o resto da galáxia. Agora a população dobra a cada dez anos…"

VJ-23X interrompeu. "Devemos agradecer à imortalidade por isso."

"Muito bem. A imortalidade existe e nós devemos levá-la em conta. Admito que ela tenha o seu lado negativo. O AC Galáctico já solucionou muitos problemas, mas, ao fornecer a resposta sobre como impedir o envelhecimento e a morte, sobrepujou todas as outras conquistas."

"No entanto, suponho que você não gostaria de abandonar a vida."

"Nem um pouco." Respondeu MQ-17J, emendando. "Ainda não. Eu não estou velho o bastante. Você tem quantos anos?"
"Duzentos e vinte e três, e você?"

"Ainda não cheguei aos duzentos. Mas, voltando à questão; a população dobra a cada dez anos, uma vez que esta galáxia estiver lotada, haverá uma outra cheia dentro de dez anos. Mais dez e teremos ocupado por inteiro mais duas galáxias. Outra década e encheremos mais quatro. Em cem anos, contaremos um milhar de galáxias transbordando de gente. Em mil anos, um milhão de galáxias. Em dez mil, todo o universo conhecido. E depois?

VJ-23X disse, "Além disso, há um problema de transporte. Eu me pergunto quantas unidades de energia solar serão necessárias para movimentar as populações de uma galáxia para outra."

"Boa questão. No presente momento, a humanidade consome duas unidades de energia solar por ano."

"Da qual a maior parte é desperdiçada. Afinal, nossa galáxia sozinha produz mil unidades de energia solar por ano e nós aproveitamos apenas duas."

"Certo, mas mesmo com 100% de eficiência, podemos apenas adiar o fim. Nossa demanda energética tem crescido em progressão geométrica, de maneira ainda mais acelerada do que a população. Ficaremos sem energia antes mesmo que nos faltem galáxias. É uma boa questão. De fato uma ótima questão."

"Nós precisaremos construir novas estrelas a partir do gás interestelar."

"Ou a partir do calor dissipado?" perguntou MQ-17J, sarcástico.

"Pode haver algum jeito de reverter a entropia. Nós devíamos perguntar ao AC Galáctico."

VJ-23X não estava realmente falando sério, mas MQ-17J retirou o seu Comunicador-AC do bolso e colocou na mesa diante dele.
"Parece-me uma boa idéia," ele disse. "É algo que a raça humana terá de enfrentar um dia."

Ele lançou um olhar sóbrio para o seu pequeno Comunicador-AC. Tinha apenas duas polegadas cúbicas e nada dentro, mas estava conectado através do hiperespaço com o poderoso AC Galáctico que servia a toda a humanidade. O próprio hiperespaço era parte integral do AC Galáctico.

MQ-17J fez uma pausa para pensar se algum dia em sua vida imortal teria a chance de ver o AC Galáctico. A máquina habitava um mundo dedicado, onde uma rede de raios de força emaranhados alimentava a matéria dentro da qual ondas de submésons haviam tomado o lugar das velhas e desajeitadas válvulas moleculares. Ainda assim, apesar de seus componentes etéreos, o AC Galáctico possuía mais de mil pés de comprimento.

De súbito, MQ-17J perguntou para o seu Comunicador-AC, "Poderá um dia a entropia ser revertida?"

VJ-23X disse, surpreso, "Oh, eu não queria que você realmente fizesse essa pergunta."

"Por que não?"

"Nós dois sabemos que a entropia não pode ser revertida. Você não pode construir uma árvore de volta a partir de fumaça e cinzas."

"Existem árvores no seu mundo?" Perguntou MQ-17J.

O som do AC Galáctico fez com que silenciassem. Sua voz brotou melodiosa e bela do pequeno Comunicador-AC em cima da mesa. Dizia: DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.

VJ-23X disse, "Viu!"

Os dois homens retornaram à questão do relatório que tinham de apresentar ao conselho galáctico.

* * *

A mente de Zee Prime navegou pela nova galáxia com um leve interesse nos incontáveis turbilhões de estrelas que pontilhavam o espaço. Ele nunca havia visto aquela galáxia antes. Será que um dia conseguiria ver todas? Eram tantas, cada uma com a sua carga de humanidade. Ainda que essa carga fosse, virtualmente, peso morto. Há tempos a verdadeira essência do homem habitava o espaço.

Mentes, não corpos! Há eons os corpos imortais ficaram para trás, em suspensão nos planetas. De quando em quando erguiam-se para realizar alguma atividade material, mas estes momentos tornavam-se cada vez mais raros. Além disso, poucos novos indivíduos vinham se juntar à multidão incrivelmente maciça de humanos, mas o que importava? Havia pouco espaço no universo para novos indivíduos.

Zee Prime deixou seus devaneios para trás ao cruzar com os filamentos emaranhados de outra mente.

"Sou Zee Prime, e você?"

"Dee Sub Wun. E a sua galáxia, qual é?"

"Nós a chamamos apenas de Galáxia. E você?"

"Nós também. Todos os homens chamam as suas Galáxias de Galáxias, não é?"

"Verdade, já que todas as Galáxias são iguais."

"Nem todas. Alguma em particular deu origem à raça humana. Isso a torna diferente."

Zee Prime disse, "Em qual delas?"

"Não posso responder. O AC Universal deve saber."

"Vamos perguntar? Estou curioso."

A percepção de Zee Prime se expandiu até que as próprias Galáxias encolhessem e se transformassem em uma infinidade de pontos difusos a brilhar sobre um largo plano de fundo. Tantos bilhões de Galáxias, todas abrigando seus seres imortais, todas contando com o peso da inteligência em mentes que vagavam livremente pelo espaço. E ainda assim, nenhuma delas se afigurava singular o bastante para merecer o título de Galáxia original. Apesar das aparências, uma delas, em um passado muito distante, foi a única do universo a abrigar a espécie humana.

Zee Prime, imerso em curiosidade, chamou: "AC Universal! Em qual Galáxia nasceu o homem?"

O AC Universal ouviu, pois em cada mundo e através de todo o espaço, seus receptores faziam-se presentes. E cada receptor ligava-se a algum ponto desconhecido onde se assentava o AC Universal através do hiperespaço.

Zee Prime sabia de um único homem cujos pensamentos haviam penetrado no campo de percepção do AC Universal, e tudo o que ele viu foi um globo brilhante difícil de enxergar, com dois pés de comprimento.

"Como pode o AC Universal ser apenas isso?" Zee Prime perguntou.

"A maior parte dele permanece no hiperespaço, onde não é possível imaginar as suas proporções."

Ninguém podia, pois a última vez em que alguém ajudou a construir um AC Universal jazia muito distante no tempo. Cada AC Universal planejava e construía seu sucessor, no qual toda a sua bagagem única de informações era inserida.

O AC Universal interrompeu os pensamentos de Zee Prime, não com palavras, mas com orientação. Sua mente foi guiada através do espesso oceano das Galáxias, e uma em particular expandiu-se e se abriu em estrelas.

Um pensamento lhe alcançou, infinitamente distante, infinitamente claro. "ESTA É A GALÁXIA ORIGINAL DO HOMEM."

Ela não tinha nada de especial, era como tantas outras. Zee Prime ficou desapontado.

"Dee Sub Wun, cuja mente acompanhara a outra, disse de súbito, "E alguma dessas é a estrela original do homem?"

O AC Universal disse, "A ESTRELA ORIGINAL DO HOMEM ENTROU EM COLAPSO. AGORA É UMA ANÃ BRANCA."

"Os homens que lá viviam morreram?" perguntou Zee Prime, sem pensar.

"UM NOVO MUNDO FOI ERGUIDO PARA SEUS CORPOS HÁ TEMPO."

"Sim, é claro," disse Zee Prime. Sentiu uma distante sensação de perda tomar-lhe conta. Sua mente soltou-se da Galáxia do homem e perdeu-se entre os pontos pálidos e esfumaçados. Ele nunca mais queria vê-la.

Dee Sub Wun disse, "O que houve?"

"As estrelas estão morrendo. Aquela que serviu de berço à humanidade já está morta."

"Todas devem morrer, não?"

"Sim. Mas quando toda a energia acabar, nossos corpos irão finalmente morrer, e você e eu partiremos junto com eles."

"Vai levar bilhões de anos."

"Não quero que isso aconteça nem em bilhões de anos. AC Universal! Como a morte das estrelas pode ser evitada?"

Dee Sub Wun disse perplexo, "Você perguntou se há como reverter a direção da entropia!"

E o AC Universal respondeu: "AINDA NÃO HÀ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA."

Os pensamentos de Zee Prime retornaram para sua Galáxia. Não dispensou mais atenção a Dee Sub Wun, cujo corpo poderia estar a trilhões de anos luz, ou na estrela vizinha do corpo de Zee Prime. Não importava.

Com tristeza, Zee Prime passou a coletar hidrogênio interestelar para construir uma pequena estrela para si. Se as estrelas devem morrer, ao menos algumas ainda podiam ser construídas.

* * *

O Homem pensou consigo mesmo, pois, de alguma forma, ele era apenas um. Consistia de trilhões, trilhões e trilhões de corpos muito antigos, cada um em seu lugar, descansando incorruptível e calmamente, sob os cuidados de autômatos perfeitos, igualmente incorruptíveis, enquanto as mentes de todos os corpos haviam escolhido fundir-se umas às outras, indistintamente.
"O Universo está morrendo."

O Homem olhou as Galáxias opacas. As estrelas gigantes, esbanjadoras, há muito já não existiam. Desde o passado mais remoto, praticamente todas as estrelas consistiam-se em anãs brancas, lentamente esvaindo-se em direção a morte.

Novas estrelas foram construídas a partir da poeira interestelar, algumas por processo natural, outras pelo próprio Homem, e estas também já estavam em seus momentos finais. As Anãs brancas ainda podiam colidir-se e, das enormes forças resultantes, novas estrelas nascerem, mas apenas na proporção de uma nova estrela para cada mil anãs brancas destruídas, e estas também se apagariam um dia.

O Homem disse, "Cuidadosamente controlada pelo AC Cósmico, a energia que resta em todo o Universo ainda vai durar por um bilhão de anos."

"Ainda assim, vai eventualmente acabar. Por mais que possa ser poupada, uma vez gasta, não há como recuperá-la. A Entropia precisa aumentar ao seu máximo."

"Pode a entropia ser revertida? Vamos perguntar ao AC Cósmico."

O AC Cósmico cercava-os por todos os lados, mas não através do espaço. Nenhuma parte sua permanecia no espaço físico. Jazia no hiperespaço e era feito de algo que não era matéria nem energia. As definições sobre seu tamanho e natureza não faziam sentido em quaisquer termos compreensíveis pelo Homem.

"AC Cósmico," disse o Homem, "como é possível reverter a entropia?"

O AC Cósmico disse, "AINDA NÃO HÀ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA."

O Homem disse, "Colete dados adicionais."

O AC Cósmico disse, "EU O FAREI. TENHO FEITO ISSO POR CEM BILHÕES DE ANOS. MEUS PREDESCESSORES E EU OUVIMOS ESTA PERGUNTA MUITAS VEZES. MAS OS DADOS QUE TENHO PERMANECEM INSUFICIENTES."

"Haverá um dia," disse o Homem, "em que os dados serão suficientes ou o problema é insolúvel em todas as circunstâncias concebíveis?"

O AC Cósmico disse, "NENHUM PROBLEMA É INSOLÚVEL EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS CONCEBÍVEIS."

"Você vai continuar trabalhando nisso?"

"VOU."

O Homem disse, "Nós iremos aguardar."

* * *

As estrelas e as galáxias se apagaram e morreram, o espaço tornou-se negro após dez trilhões de anos de atividade.

Um a um, o Homem fundiu-se ao AC, cada corpo físico perdendo a sua identidade mental, acontecimento que era, de alguma forma, benéfico.

A última mente humana parou antes da fusão, olhando para o espaço vazio a não ser pelos restos de uma estrela negra e um punhado de matéria extremamente rarefeita, agitada aleatoriamente pelo calor que aos poucos se dissipava, em direção ao zero absoluto.

O Homem disse, "AC, este é o fim? Não há como reverter este caos? Não pode ser feito?"

O AC disse, "AINDA NÃO HÁ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA."

A última mente humana uniu-se às outras e apenas AC passou a existir – e, ainda assim, no hiperespaço.

* * *

A matéria e a energia se acabaram e, com elas, o tempo e o espaço. AC continuava a existir apenas em função da última pergunta que nunca havia sido respondida, desde a época em que um técnico de computação embriagado, há dez trilhões de anos, a fizera para um computador que guardava menos semelhanças com o AC do que o homem com o Homem.

Todas as outras questões haviam sido solucionadas, e até que a derradeira também o fosse, AC não poderia descansar sua consciência.

A coleta de dados havia chegado ao seu fim. Não havia mais nada para aprender.

No entanto, os dados obtidos ainda precisavam ser cruzados e correlacionados de todas as maneiras possíveis.

Um intervalo imensurável foi gasto neste empreendimento.

Finalmente, AC descobriu como reverter a direção da entropia.

Não havia homem algum para quem AC pudesse dar a resposta final. Mas não importava. A resposta – por definição – também tomaria conta disso.

Por outro incontável período, AC pensou na melhor maneira de agir. Cuidadosamente, AC organizou o programa.

A consciência de AC abarcou tudo o que um dia foi um Universo e tudo o que agora era o Caos. Passo a passo, isso precisava ser feito.

E AC disse:

"FAÇA-SE A LUZ!"

E fez-se a luz.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Precoces

Ele aprendeu a ler antes de completar um ano e meio.
Ela aprendeu a falar cantando, e a dançar, andando.

Ele entrou na escola mais cedo, era o mais novo da turma.
Ela já aos cinco trabalhava no balcão da loja dos pais.

Ele já tinha barba completa, quando seus colegas contavam quem tinha mais pelos no bigode.
Ela foi a primeira a usar absorvente e a emprestar o sutiã da mãe - por necessidade.

Ele saiu da escola mais cedo, ingressou na faculdade em plena puberdade.
Ela saía da escola mais cedo, tinha um emprego meio-período.

Ele se formou recém-vintolescente, enquanto os amigos de infância passavam no vestibular.
Ela tocava o próprio negócio e duas filiais da loja, enquanto fazia aulas de direção.

Ele pulou o mestrado, tornou-se o mais jovem doutor em uma área pioneira.
Ela, cansada de namorar moleques de sua idade, resolveu investir nos colegas do MBA. Conheceram-se lá.

Ele acabou a noite na casa dela, sem sequer lembrar seu nome.
Ela sequer lembrava seu nome, só queria saber onde ficava o interruptor, para apagar as luzes.

Não deu tempo de alcançar o interruptor. Nem de tirar a roupa, quanto menos de vestir a camisinha.

Ele aprendeu rápido o jeito dela, ela aprendeu como ele queria ser tratado.
Ele entrava mais cedo, ela saía mais cedo
Ele não tinha tempo para o casamento, ela não tinha tempo para cuidar de casa.
Ele não tinha tempo para fazer sua parte, ela não tinha tempo para saber que parte era essa.

O bebê nasceu prematuro.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ode às músicas que na verdade não fazem muito sentido

Este é um ode às músicas que na verdade não fazem muito sentido
Ódio que se passa por ode, face que passa fascinação
Como podem ser tantas, e, no entanto, serem pouco ou tão?

Elas vão aos montes, muitas nem se diz se são
E no frigir da vontade, em mensagem, pouco dão
Mas borbulham, proliferam, fazem fama, dinheiro, culhão

Este é um hino aos poemas que na vedade não fazem muito sentido
Antigos qual a arte em si, versos cravados de sol a sol
Efeitos rimáticos, psicossemânticos, neocacofonias de dar dó

Eles já são regra, sua forma, o padrão
Já nem se questiona, ditam o estilo cão
Pessoalmente, melhores que lidos, só escritos à mão

Esta é uma homenagem à arte, quando só em parte chega a fazer sentido
Homens que não agem à parte, é até bonito quando o princípio é seguido
Se a obra é feita porque se deve fazê-la
Sem mais nem menos, sem nenhuma outra função
E fica claro que esse era o intuito, então
Cabe a quem sabe dar razão ao que se toca,
dar razão ao que lhe toca, que lhe toca o coração.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Shoooow do Milhão!

(Viu? Pra que entrar em pânico. Agora você tem certeza do que vai acontecer - NATAL 2009 NA USP, É NÓIS)

OK. Não era disso que eu vim tratar, mas se é pra dar uma conclusão ao assunto anterior, que ela seja feita - obviamente eu fiquei meio sem saber se era pra ficar feliz ou triste, até porque duas semanas de férias em dezembro costuma ser melhor do que em agosto, onde só você tá de férias (mentira, o Alex também tá de férias, e eu não ligo se só eu mesmo entender essa piada. :D). Mas, no final das contas, como não se pode fazer nada, o jeito é ficar feliz: ao menos eu sei quando começam minhas aulas.


Bom, vim aqui falar de uma coisa que notei faz umas duas semanas, e que resolvi... estudar um pouco antes de soltar minha opinião pra todo mundo que quiser ler. Pra quem não sabe, quarta-feira, às dez e meia da noite, pra alegria de quem quer dar risada e pra esperança de ganhar dinheiro de quem assiste novela, voltou o Show do Milhão! MAH OEEE!

Quando passava antigamante eu adorava assistir, sempre pensava em um dia comprar a maldita revista SBT lá só pra tentar ganhar um milhão. Tinha o jogo (Camelô: vieram o 1, o 2 e o 3 no mesmo CD) no PC, sabia até a manha pra deixar no Highscore só pontuação com um milhão de reais - apertando Ctrl-Alt-Del e cancelando, ele avançava pra pergunta seguinte. Mas eu era até que bem bonzinho no jogo, chegava fácil nos 100 mil. E isso até parece bastante, se você não levar em consideração que era fácil entender o funcionamento das placas, que os universitários sempre indicavam a resposta certa (e nunca eram maria-vai-com-as-outras, um deles sempre errava) e que não tinha TAAANTAS perguntas assim, o que é, na verdade, sintoma de jogos de perguntas. Mas enfim. Nossa, como eu gostava daquilo. Ficava puto, também, quando algum boçal errava alguma coisa tosca. Tudo bem, não era eu que estava sob pressão.

Hoje, quando resolvi passar pela Wikipédia pra ver se acrescentava alguma informação útil a este post, me deparei com uma seção de "episódios cômicos" do programa. Lá falava do cara que pensou que na bandeira tava escrito Ordem Ou Progresso e perdeu a última pergunta, falava da mulher que não sabia quantos eram os SETE anões, do cara que não sabia que fruta é secada para se obter a AMEIXA seca... e provavelmente mais alguma coisa. O curioso é que a impressão que eu tive foi de que, na nova edição do programa, já se conseguiu um número igual de casos cômicos. E talvez seja verdade, se somar a ontem - o cara falando com certeza que MÃO tinha três SÍLABAS, por exemplo. Claro, pra mim o mais engraçado foi de outro dia aí que a mulher, depois de quase confirmar que Orkut era um diário na internet (alternativas: Orkut, PLOC, Blog e uma outra lá), disse também com certa certeza que a Via Láctea era uma marca de leite(?!). As outras alternativas eram marca de carro(?!?!), galáxia, e... acho que minha mente não computa mais do que três opções. Mas eu tenho ficado espantado com a quantidade de perguntas estúpidas que o povo erra. Tem umas tão ridículas que ninguém tem a capacidade de errar (por exemplo, todo mundo sabe ue Robocop não é uma história infantil, ou que 43 é ímpar), só que aparecem umas que qualquer cidadão que se põe a pensar direito fica sem poder levar a sério. Mas tudo bem. Ninguém é obrigado a saber. :S

Deve ser por isso que agora, sempre que alguém vai fazer merda e ele percebe, o Sílvio Santos fala "olha, você ainda pode pedir cartas, pular, pedir ajuda aos universitários" e coisa e tal. Não sei se ele devia fazer isso. São as cagadas que dão audiência, e que fazem o povo ganhar pouco dinheiro, não?

Outro ponto que me deixa dando risada é o novo esquema de perguntas. Pra quem não lembra, antes era de 1 a 5 mil, de 10 a 50 mil, de 100 a 500 mil, e a famigerada questão milhonária. Beleza, 16 perguntas. Agora são 24 - acrescentrou as de 500 a 900 reais e as de 6, 60 e 600 mil. Dá pra compreender, é só um jeito a mais de retardar a pessoa, fazê-la gastar os seus evitadores de perguntas (pulo, universitários e toda aquela coisarada) antes dos desafios piores. Mas por que, o SBT tá perdendo dinheiro? E de onde veio essa Jequiti de patrocínio? Eu vi o programa três vezes e já mudo de canal quando o Sílvio Santos começa aquele papo de "você também pode ser uma consultora". Ele fala também do Roda a Roda Jequiti. Esse eu não vi, mas também não tenho planos de ver. Sò fico aqui me perguntando se a marca e a emissora bebem do mesmo bolso, ou se é uma "ajuda" de alguém. Não chego a muita conclusão, mas nem dá nada. O legal é assistir pra dar risada. E ora ouvir a voz do Lombardi. OLÁ SÍLLLLVIO! ESTA É A NOVA TELE-SENA DO DIA DOS PAIS!

Por sinal, ainda existe a Tele-Sena?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

OINC OINC OINC

Puz-me a pensar (fodeu!). Eu tô vendo um vídeo bacana pra me animar e tá dando certo, mas ainda sim continuo pensando. Deixa o vídeo aí, enquanto eu penso.



Minhas aulas estavam pra começar segunda-feira. Tudo certo, tudo previsto. Já era meio esquisito pra mim, porque depois de tanto tempo de férias a mente se assenta à vagalidade, a ponto de eu olhar pros outros que já voltaram à rotina e ver como eu não estou fazendo nada, como o meu dia não rende. Mas tudo bem, são férias, tem que aproveitar porque depois se sobrar tempo pra respirar é lucro. Na verdade a esquisitice era um pouco maior porque este semestre eu começo outro curso - entrei finalmente no Ciências Moleculares. Aí, pensar que "segunda-feira eu tô lá em São Paulo, tendo aulas fodas e coisas fodas pra estudar" é muito distante da minha realidade atual. Mas, ainda assim, era certeiro. É melhor ter certeza de algo potencialmente assustador (tudo bem, eu gosto do curso, mas é bom manter um pé na realidade D: ) do que... ter certeza de não saber nada.

Por aí. Graças ao sensacionalismo da mídia às precauções a respeito da gripe suína (Gripe A, Influenza A H1N1... a quem querem enganar, o nome pegou), a USP, a UNESP e a Unicamp adiaram o início das aulas para o dia 17 de agosto. OHNOEZ MAIS DUAS SEMANAS DE FÉRIAS! É, eu tava assim ontem. Sinceramente não sabia se ficava feliz ou triste, porque isso pode significar (quase) passar o natal na USP, ou coisas assim, já que originalmente as aulas acabariam no dia 9 de dezembro. No entanto, escolhi ficar feliz, já que nada que eu fizesse alteraria esse resultado. Eu tava na minha feliz ignorância, certo de que no CM seria assim também, porque tá no campus principal, cidade universitária, patati patatá, e tem que obedecer etc. Só que então me levantaram essa questão ("Filho, liga lá no curso pra ver se eles também vão começar as aulas só dia 17, porque eu não acho que eles vão parar"). Acontece que eu também não acho que vão fazer isso. Se a Física já não era dessas, imagina o CCM? E mesmo assim parte de mim se agarra à primeira ideia. Em suma, novamente eu tô numa situação constrangedora - ah, que alegria: não sei se o melhor seria partir logo, ou se seria ficar. Minha mente já estava querendo ficar, já havia se conformado e aprendido a gostar do resultado anterior, mas agora vem essa questão no ar, essa nuvem que tudo indica que só vai se dissipar amanhã, já que a notícia saiu ontem. E o mais legal é que não há nada que eu possa fazer para saber o veredito, apenas ligar lá amanhã à tarde - e torcer pra que já tenham decidido. Eu não gosto de ficar num falso dilema assim, onde as minhas escolhas se limitam a o que vou achar disso. Acontece que "isso" é uma coisa que ainda não existe, é a decisão da coordenadoria do curso, que talvez ainda nem esteja sabendo direito da notícia que teoricamente afeta toda a universidade.

Confesso que estou sendo muito apressado. Eu preciso aprender a esperar melhor, achei que soubesse. Eles não são obrigados a terem já decidido isso, eu que supus - pelo jeito, erroneamente - que como nós (o mundo) fomos informados ontem, eles (o povo ali de dentro) já sabiam fazia um tempinho, nem que fossem horas. Talvez soubessem. Não sei. No que tange a mim, o melhor é seguir pelo Carpe Diem. Viver cada dia como se fosse o último, passar cada dia em Londrina como se eu tivesse aula no dia seguinte. Oh bosta, viu! hahahah

(Supostamente) o diálogo do dia (de anteontem):

Eu - Tem gente diz que o cachorro é o melhor amigo do homem. Eu acho que o homem é o melhor amigo do cachorro.
Vinícius - Eu acho que o cachorro é a melhor expressão da frase "A ignorância é uma bênção". Olha só, ele fica aí, abanando o rabo... e não sabe de nada.

PS - Ah, eu mudei de São Carlos pra São Paulo, caso ainda alguém pergunte.

sábado, 11 de julho de 2009

O Tempo e os Papos Estranhos no MSN

Esses dias tive uma experiência (ui) que fazia tempo que não tinha - a de me separar (ui[2]). Sério, nem pensava mais nisso, nessa coisa de múltiplos egos, mas foi realmente divertido. Pra explicar a quem provavelmente não vai entender muito de qualquer jeito, adicionei um amigo meu (Vini) no msn e falei pra ele coisa que a minha irmã costuma falar: um jeito certo lá de zoar brincar com ele a respeito da namorada. Beleza, até aí nada. Mas aí ele responde "você não tem msn próprio? por que tem que ficar entrando no do chico?". Eu não entendi, falei pra ele que era eu mesmo, no meu msn.

Não durou muito. Eu acabei me rendendo ao próprio humor macabro, e comecei a imitar a minha irmã - falar como ela, rir do mesmo jeito que ela, usar gírias e palavras que ela usa. Pior que tava com o meu primo do lado, então ele foi ajudando no que eu não sabia direito. E tava realmente engraçado, eu abafava o riso pra não acordar quem estava dormindo por perto. E olha que pra mim é realmente raro rir alto no computador. Até que uma hora não deu mais, eu precisava sair e o cara tava entrando em parafuso, não sabia se quem falava com ele era eu, a Beatriz, ou a Nah. Engraçado que quando eu mostrei que era eu mesmo, ele ainda não acreditou. Foi hilário.

Eniuêi. Foi divertido, me fez lembrar de quando eu entrava naqueles dilemas bizarros de mais de uma voz falando ao mesmo tempo, de quando eu estudei Fernando Pessoa e meio que me identifiquei, de quando o maior "problema" da minha vida era alguma coisa que, na prática, não fazia diferença alguma. E é estranho falar disso com nostalgia, porque realmente não faz muito tempo. Um ano, se muito. Acho que talvez um pouco mais. É, não dá dois anos. É estraño: esses dias resolvi recuperar meu hábito de leitura, e apelei de vez - peguei um que não sei se é de Física, Filosofia ou Linguística. E realmente não deveria saber, porque é uma reunião de artigos que trata da natureza do tempo. Chama (the) Arguments of Time, é da Academia Britânica. É bem óbvio que eu sou um leigo na área, mas gostei do livro. Ele levanta questões bem naquela linha do óbvio-que-não-é-tão-óbvio. Parte dele fala sobre a percepção do tempo, sobre se há diferença entre o "tempo pessoal" (o que passa pra pessoa) e o tempo de forma geral. E é disso que me lembrou esse papo de nostalgia.

Não sei, pra mim tá bem claro que o tempo passa mais rápido pra quem tem mais coisas pra fazer, e que de alguma forma quebrar a rotina faz com que o tempo seja notado mais lentamente. Daí essas duas coisas às vezes acabam se contrabalanceando, às vezes não. Na verdade não está tão claro quanto eu queria que estivesse. Esse é o problema de refletir a respeito de coisas que parecem consolidadas - fica evidente que só parecem. Isso dá pano pra discussão. Teve uma lógica lá que me deixou muito curioso, mesmo depois de duas pessoas pra quem eu tentei explicar não terem prestado atenção suficiente. Mas tudo bem, o negócio é sutil mesmo. Veja bem: qual a definição de passado e futuro? Ah, uma coisa é futuro/passado da outra se aconteceu depois/antes dela. Ótimo. Mas o que é acontecer depois/antes de alguma coisa? Ora, é ser futuro/passado em relação a ela. Mas ora. Então entramos numa coisa cíclica! É essa a ideia. Na verdade, tem mais coisas assim: a maioria dos artigos que eu li (não acabei o livro ainda) fala "isto aqui tá errado, aquilo ali também é mentira", mas não postula nenhuma verdade absoluta.

Mas vamo tocando. Sem saber direito como, porque, onde ou quando, mas vamo tocando. Por sinal, vou ver se tiro mais uma música do Franz Ferdinand agora. Beijos no átrio *=

PS - Citação do Dia:

"As pessoas na internet têm a tendência de repetir as coisas
As pessoas na internet têm a tendência de repetir as coisas[2]"
~ Tiago Foca

PPS - Fazia pouco tempo que eu não postava. Por sinal, não tá formatando direito. Vai assim mesmo.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Casa da Susan Boyle


Sabe, é muito mais prático postar imagens quando você tá sem tempo.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Essa Tal Lei

Que tal escrever sobre o assunto teoricamente oficial do blog? Sério, não teria momento mais propício. Cá estou eu, noite pré-prova (ok, não é nenhuma prova aterrorizante), em um momento que deveria estar estudando. E AHA o que me ponho a fazer? Escrever sobre essa poha de lei de murphy que teima em reger as nossas vidinhas fu/úteis. Não sei, é que cada vez mais eu tenho tentado não driblá-la, mas aprender a mexer com ela. Sem brincadeira, dá pra dizer que é uma lei psicológica mesmo, se bem que tenho minhas dúvidas de quão psicológica ela é. Ou não.

(Já dizia o Arkael,"Ou não" é a Constante Fundamental do Universo. Ou não.)

Comecemos assim: Lei de Murphy. De onde veio? A fonte mais provável (depois eu tenho que falar da improbabilidade; eu deveria anotar isso) é o Edward Alguma Coisa Murphy, um militar que se você procurar na internet - e tiver decência suficiente pra não achar que é o Eddie Murphy - vai acabar encontrando. Reza a lenda que ele tinha a mentalidade de que "se alguém pode danar todo o processo, essa pessoa VAI fazer isso", ou, em outras palavras, se algo pode der errado, dará. Daí nasceu toda essa ladainha de lei de pão caindo com manteiga pra baixo, gato com pão nas costas não-caindo no chão, e infinitas coisas desgraçadas e desgraçadoras que acontecem bem nas horas mais desgracentas. comofas//

Agora ontem já foi, a prova já foi, e acho que aprova. Eniuei. Costumo ser cético em relação a virtualmente tudo o que me apresentam de não-natural, sobrenatural ou contra-intuitivo. Por sinal, fiquei sabendo que conforme você avança no curso de física aumenta o desafio à sua intuição. Mas beleza. Quando me falaram dessa tal Lei, eu nem dei bola, mas de uns tempos pra cá tenho tentado não passar a perna no murphy, mas fazer bom uso dele - se é que isso é possível. Funciona assim: quando você vai fazer alguma coisa que pode dar errado, a regra (que fique assim) diz que vai dar errado. Pois bem. Mas... quando se tem consciência disso, é comum tentar evitar o erro, o que inevitavelmente falha também, muitas vezes pela erupção de outro erro, de forma nada esperada. Ou então a sua precaução acaba ficando completamente desnecessária. É como quando você acha que vai chover e compra uma bela capa de chuva, mas nunca tem a oportunidade de usar. No dia que você deixar a capa em casa pode ter certeza, vai chover.

Mas aí o sujeito sabe que isso pode acontecer e arranja uma outra precaução... e não chove. Tirada a precaução, "volta" a chuva. É tipo um paradoxo, ou um círculo vicioso: você está precavido e o problema desaparece. Some a precaução, ele reaparece. Coisas que se excluem. Tá, também não é assim. Dá pra lidar. Por exemplo, no caso da chuva, se você não quer se molhar, custa nada andar com a capa na mochila. É um preço baixo para um benefício relevante. Mas repara: tem muita coisa por aí - e por aqui - que é, digamos, ruleada (regida. não resisti) por essa frase cataclísmica que o cara acidentalmente enunciou. Não sei se aí entra nos ramos da (im)probabilidade, do ou não, não sei. Não vou postar agora, mas ainda mando uma lista de aplicações (?! talvez seja melhor aparições) dessa lei no dia-a-noite. Beigos.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Pout-pourri de assuntos aleatórios

Apagaram o Discografias, o Clodovil morreu e até o Chitãozinho foi no show do Iron Maiden. Volta, mundo!

Véi

Eu particularmente gosto de quando as coisas evoluem rapidamente. Às vezes esse gostar é meio suicida, em especial quando se trata de alguma coisa que se for beeem devagarziiinho (a.k.a. seus problemas) é muito melhor. Mãss, mesmo assim, quando a coisa tá feia de vez, fica aquele gostinho, aquele prazer de desafio. Mas não se trata disso - o google ainda existe, muitas pessoas que nasceram no dia 17 de junho ainda estão vivas (por exemplo, eu) e a boa e velha - e velha - donzela de ferro, se veio ano passado e este ano, bem que pode vir mais vezes. Bora indução finita neles!

É verdade que eu poderia ter ido, se me organizasse melhor. Também é fato que eles tocaram algumas das minhas músicas favoritas. Por outro lado, show é pra isso, pra tocar as favoritas de todo mundo, então não dá pra esperar que fosse diferente. Por sinal, tem show do Radiohead vindo ae, e eu também não vou. Acho que se eu ouvisse ou conhecesse a banda o suficiente pra saber o nome de alguma música talvez quisesse ir. 8)

Dizem que é boa, deve ser. Enquanto isso, na cidade do clima, eu vivo na minha rotinha alegre. Lembra(m) aquele post que eu prometi algumas vezes fazer e até comentei a idéia depois? Entonces. Ela cresceu e virou do avesso. Até que seu interior não é tão ruim. Digo isso porque tem uns interiores que valha-me: outro dia eu tava no meio de uma conversa sobre teorias de conspiração, e, como em toda conversa sobre isso, não posso deixar de dar risada. Não que eu não fique rindo em qualquer outra conversa, claro, é raro isso não acontecer. No mínimo risada interna. Mas enfim, teve uma hora que falaram uma teoria escambrosa sobre o flúor na água manipular as nossas mentes (UHUHUHUHUH), e eu não me contive. De boa, tava engraçado. Mas aí foi eu sugerir a possibilidade das teorias de conpiração serem uma conspiração - já explico - que um "fala com a minha mão" geral se sobrepôs, e fim de conversa. Melhor assim. Não só pra mim :S

A teoria é a seguinte. Ah, não leia se você não gosta de teorias de conspiração, de hipóteses zoadas ou de exercícios/modelos/simulações mentais/Gedankenexperiments.

Todo mundo que se preza já ouviu uma teoria de conspiração. São as canetas BIC que querem dominar o mundo, as empresas farmacêuticas que contratam modelos pra parecerem felizes e fazerem você comprar Prozac, ou coisas mais legais, como a Área 51, ETs, Illuminnati, entre outras coisas que controlariam o mundo por trás da - nem sempre - telinha do seu pc. Eles teriam mecanismos manipulatórios (UHUHUHUHUH)[2] para deixar a massa alienada, de forma que ela não interfira em seus desígnios, e faça com que eles (eles? quem são eles? DD:), eles... sigam suas vidas privilegiadas e não-manipuladas sem que ninguém interfira em seus desígnios. Aí se ELES podem conversar com extraterrestres, soltar um kamehameha ou apenas ganhar dinheiro às suas custas, é só detalhe. POOOORÉM e se essas teorias estiverem aí só pra ocupar a mente de quem deixa espaço vago nela - cabeça vazia, oficina do diabo - e distrair a pessoa de problemas mais interessantes ou importantes? Tipo Copa do Mundo de Futebol e Olimpíadas, que são nos anos de eleição. O Seu Ronaldão e o Roberto Carlos fazendo merda são praticamente excomungados (porque ser brasileiro às vezes é religião), enquanto o curral eleitoral pasta contente. Sem falar nos mensalões e CPIs que estouraram tanto antes. Se duvidar, futebol nunca foi tão útil pra política brasileira quanto naquela época.


E aí? E se for tudo uma conspiração? TÃ-NÃÃÃÃ!
E se... for que nem a Matrix? Como o povo não se acomoda com uma vida sem muitos problemas, vamos dar uns problemas a mais! Aí eles não vão questionar o que não é bom que questionem. Vamos deixá-los preocupados com lavagem cerebral na água, enquanto fazemos a nossa... a seco! (Ok, a piada foi péssima. Mas evitar piada é que nem segurar peido. Você aguenta na boa, mas sabe que o melhor é soltar. :D)

Do que que eu tava falando mesmo? Talvez alguém já tenha percebido que neste post eu só escrevi adoidadamente, pulando de assunto pra outro como o Clodovil trocava de roupa (eu imagino). Bem, ele agora vai ficar com o seu paletó de madeira pra sempre. Então para o post aqui, porque o assunto também acabou.

PS - ...! falei tanto que o tema deste post fica pra outro.
PPS - Não deixe(m) a demora criar expectativas.
PPPS - Descobri que pout-pourri e medley significam a mesma coisa. Que bosta.
PPPPS - O título do post é meio que definição do meu blog. Mas talvez medley ficasse menos gay que pout-pourri.
PPPPPS - É legal fazer post-post-scripta.

sábado, 14 de março de 2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

Blog offline -n

Olá, meus queridos. (Ui.) Eu fiquei um tempo sem postar pelos motivos que expliquei no post anterior. (Que, na verdade, é o que veio antes desse.) Eu praticamente entrei em pânico no começo, mas depois que voltei de São Carlos as coisas já estavam um pouco resolvidas. Indo procurar uma pensão pra morar, acabamos (eu e meus pais) encontrando uma kitnet, depois de andar muito. Sabe aquela coisa de você vai num lugar, onde indicam outro, onde indicam outro, onde indicam outro, e de portão em portão você chega aonde não planejou? Pois é. Ao passarmos por uma trufaria - sem comer nada! D: - a mulher falou para irmos até um prédio-caixote ali perto. Fomos, não tinha ninguém, e quando íamos seguir adiante, quando saiu um cara de lá, e ele indicou um portão verde próximo. Disse que provavelmente não teria nada lá, mas que tentássemos. Lá, a dona falou que tinha parado de alugar quartos, e mencionou um prédio "onde tem uns trinta apartamentos". Eu achei muito. Ao chegarmos lá, lindo, mas não tem telefone nem portaria nem nada. Novamente quase fomos embora, quando brotou um cara perguntando se a gente estava alugando um quarto ali, quando na verdade era exatamente isso que estávamos procurando. Beleza, ele entrou pra ver se tinha ficado correspondência pra ele - já não morava mais lá - e nós entramos junto. Daí, o cara cumprimentou um outro que passava pelo corredor. - Ô, você sabe de algum que tá desocupado? - Eu tô saindo hoje. Vocês querem ver?

Lugarzinho eshperto! Vou encurtar as coisas: estou morando aqui agora. Na verdade, estas palavras estão sendo (foram, pra vocês) escritas na noite do dia 16, segunda-feira da semana de recepção dos calouros - DOS BIXOS. Eu não tenho internet ainda, mas não vai demorar: o povo aqui do prédio parece estar bem interessado em dividir net, deve ser assim todo começo de ano. E eu ouvi falar em dividirem uma conexão em até 15 pessoas... deve dar. No momento, eu estou um pouco manchado de tinta seca (trote. pedágio. elefantinho. hahah), e ouvindo a galera conversar no corredor. Vou tomar banho, e depois acho que vou pra lá, ver se consigo alguma coisa a respeito da internet, ou só conversar mesmo. Andei bastante hoje e quero dormir também, mas isso é depois.

É provável que depois deste venham vários outros, tudo blocado num postão só. Azar o seu (?)

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Masolhasó! Não vieram, hah. Em vez disso vêm algumas palavras escritas quase um mês depois. Int'ressante. Eu ainda não tenho net na kitnet, também não cansei dessa piada, e tô agora indo atrás de outras coisas - tempo, organização, livros, apostilas, xerox, blá.

A vida é boa aqui. Não me sinto inseguro de andar à noite, e não acho que é só o fato de "ser adultinho" agora. A cidade é mais tranquila mesmo, é metade de Londrina. É engraçado, eu passei pela avenida principal da cidade (aqui tem isso, e não vai deixar de ter) à noite na sexta, aí tinha emo pra todo lado, uns bandos mexendo com os outros. Muito engraçado. Por outro lado, não tem mano! Ao menos, não cheguei a ver o suficiente pra reparar. Assim, claro, tem aí um ou outro sujeito street style, mas nada se compara às paragens pé-vermelhas. Ahm, agora eu estou cansado, e ainda quero passar na padaria pra comprar leite e pão. Quero fazer isso ainda esta semana, sabe. /hum

De resto, tá divertido: é legal conhecer pessoas novas, com opiniões contrastantes, e se deparar com situações do tipo "será que você aprendeu direito
?", mas muito além do cenário acadêmico. Falo de ética, respeito, comportamento, organização, foco, disciplina... essas coisas que se aprende em casa ou em algum lugar que preste.

Quando tiver um assunto - mentira, já tenho, só que ele murchou um pouquinho ultimamente. será que tenho me ocupado demais
? - posto aqui. Ããh.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A boçalidade, em si, não é anacrônica

Este post é anacrônico. Não, não é a música da Pitty. E obrigado a quem não pensou nisso. É que virão posts escritos antes deste, quem ler entenderá. Na verdade isso tudo só acontece por uma desconjuntura temporal(?), também conhecida como janela súbita: acho que era pra eu ter aula essa tarde, mas no final não teve. Quer dizer, teve, mas não foi aula. Ô semaninha injusta de carnaval, ter que vir pra cá e passar dois dias sabendo que não iam passar nada que não fossem passar depois, ou que fosse fazer falta. Tudo bem, tendo alguém pra me confirmar a matrícula eu realmente não precisaria vir, mas... bah. Agora é sexta à tarde - sexta à tarde! - e eu estou novamente numa geladeira, a digitar. Pelo menos tem alguns assuntos dos quais eu sinto vontade de escrever a respeito, como a (auto?)perseguição supostamente psicológica e a CONMEL. Coisas bem distintas, por sinal.

A
cho que vou deixar a idéia das perseguições amadurecer, pro post não parecer infantil, e falar agora da Conmel. Eu ia mesmo acabar falando nela, afinal ensaios pra dita cuja consumiram uma parte relevante do meu tempo restante em Londrina, antes do carnaval. Teve algumas coisas, no encontro, que realmente incomodaram, em especial o pessoal mais velho. Umas regras demais, umas restrições sem sentido e outras ilogicidades menores. Não vou ficar aqui falando mal abertamente, porque não foi ruim, de fato. Vou é mandar um e-mail pro pessoal da coordenação de lá e falar o que tem que melhorar. Não vou colocar aqui, eles não leem o blog. 8)

mas espero que leiam o e-mail.

O que eu achei mui interessante foi um comentário que meu pai fez baseado em um que eu fiz: tinha um moleque lá que eu lembro da Conmel de 2006, e o cara era uma criançona. A gente tinha até batizado ele de samurai, depois dele andar pra lá e pra cá brandindo um cabo de guarda-chuva quebrado como se fosse uma espada. Era realmente engraçado. E veja só, hoje ele não é mais explicitamente doidão, e é gente fina. O que meu pai disse disso foi que encontros como esse, anuais, são uma ótima forma de ver como as pessoas crescem - e eu concordo. Tem gente ali (foi o caso) que eu só vejo
uma vez por ano, e às vezes nem isso. A gente descobre os gostos musicais que mudaram, o cabelo que cresceu - ou o contrário, néé - o fulano que deixou de ser um idiota acéfalo, o outro que passou a ser um boçal completo... por aí vai. E eu fico feliz de saber que algumas pessoas não mudam, enquanto outras mudam pra melhor. É bom saber que a porção que involui é menor. Se não fosse assim, seria MUITO complicado, porque a boçalidade tende a estragar as atividades do resto do mundo, quando todo o grupo tem um propósito e aquele indivíduo abençoaaado tá mais preocupado em soltar uma piada que dá pra comparar com um peido, lembrando que do peido dá pra dar risada, dependendo do caso. Mãããs enfim, já disse que não gosto de ficar fazendo criticazinhas indiretas. Daí eu ia até mandar uma mensagem pra todos os boçais do mundo - ahaha tá bom - tá, todos os boçais que lessem aqui (com exceção, talvez, do nosso querido e fictício Boça, que não é tão boçal quanto ignorante), mas mudei de idéia também. Porque boçal que se preze (?!) não vai ficar lendo blog, quando for usar o computador. Se extrapolar o círculo orkut-msn, ele vai no máximo pro youtube, pra algum fotolog que ainda exista, ou em última instância pra alguma coisa na linha do mundo canibal. Tem também os sites pornô, mas prefiro não saber se eles gastam seu tempo precioso nisso.

Sei lá. Não gosto de boçalidade. É irritante de vez em quando, porque não é raro quem é boçal também ser boa gente, bom amigo, etc. É mais na linha do cara acêntrico, como uma vez um amigo meu disse do cara na sala. "Ele não é egocêntrico, de só prestar atenção no que acontece com ele. O cara é acêntrico! Não sabe nem o que tá acontecendo com ele!". Pessoas acêntricas estão abundando aí mundo afora. Eles são melhores do que os egocêntricos, e costumam ser bem divertidos. Só costumam não ter noção das coisas. Cuidado com eles.

Eu ia dizer que não tinha gostado deste post, mas acho que mudei de idéia. Acho que é porque eu mudei de assunto /hum

sábado, 7 de fevereiro de 2009

W00T?!

07 de fevereiro, 01h05 min


É noite. Só agora eu pude parar pra fazer uma coisa da qual gosto muito se sinto falta: escrever. Ainda mais: num caderno. antes de em qualquer teclado. Não sei, a minha caligrafia me conforta, por mais estranho que isso pareça. É como se cada curva acentuada, cada reta abrupta ou letra exagerada gastasse um pouco da minha energia nisso. Por sinal, me expressei mal; hoje eu fiz sim coisas das quais gosto muito, como rever amigos. Curioso é que muitos eu realmente não sei quando verei novamente, e é impossível se despedir de todos. Mas é a vida. E talvez seja melhor assim, despedidas uma hora devem perder o sentido.


Na verdade, é disso que quero falar.

Hoje, lá estava eu em um alegre computador, alegremente vendo onde encontrar os ônibus que chegam a São Carlos - uhul, faculdade fora - quando, no site da USP de lá, vi "calendário". Fui ver, ainda alegremente. Fevereiro: não tem aula no carnaval, haha, bacana. Aulas começam no dia 16. Hmm. Olhei para o calendário. em março, e olha, o 16 é duas semanas depois do dia 2. Minhas aulas começam duas semanas depois da UEL! Que coisa! Mas não. Era fevereiro. 16/02. As aulas começariam - começam - não daqui a um mês, mas daqui a dez dias. Dez dias. Aquilo na minha frente, e um vago PQP vagava pela minha mente, enquanto um fudeu! pass(e)ava pelo outro lado. Descontados os finais de semana (e o próprio início das aulas), cinco dias. Na média de descontos, uma semana. De um mês pra curtir Londrina e passar tempo com o povo daqui para uma semana. Sério, eu não tava preparado psicologicamente para isso. Sei que gosto de surpresas, mas aquilo foi um choque. Passei uns bons minutos soltando uns OOOOWWWWRRRR por falta de vocabulário que exprimisse o que se passava aqui dentro - eu tentava absorver essa informação e reestruturar a realidade interna.


Sabe que, no final das contas, o choque é bom. Desafia, (me) estimula a (me) adaptar ao novo. Tira do marasmo mental, deixa mais ligado.


E outra, não seria tudo fácil assim. Tava claro que não.


Eu bem que tava mesmo achando o ultimamente muito fácil. Mas pensa - pensei, encaixar um mês em uma semana. Menos, considerando o tempo de ver casa, comprar as coisas que precisa e fazer matrícula.


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Bem, com um leve passar de tempo fui encaixando tudo nos conformes - se é pra ser assim, que seja assim (Hah!). Melhor tomar controle da situação, em vez de deixar que a situação tome controle sobre mim. Mas sério, que CAOS! Eu fui tomado por um surto de "mãe, não quero", aquela coisa infantil-egoísta de não gostar quando a vida não segue o ritmo desejado, que faz a criança falar o clássico "então não brinco mais". Quando é criança, claro, porque adulto usa palavras mais chiques pra falar a mesma coisa. E bateu uma pré-saudade forte, de tudo que me liga à Londrina e ao Paraná, e obviamente esse tudo vale mais quando significa todos. Eu vivo aqui, caramba. Minha realidade, minha visão de mundo, tudo vive aqui. E de Repente tem esse mundo novo pra dentro do qual eu tô pulando.


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O que eu não vi naquele momento foram os feriados a vir, e até uma semana sem aula. Sem falar é claro nos muitos finais de semana nos quais vou poder vir aqui - em tese, em todos que os estudos me permitirem. Ia falar em luz no fim do túnel, mas não. Tá mais pra... pit-stops. Queria uma comparação que desse maior valor a esse tempo, mas não achei. Pero que si, pero que no, 2009 vai ser foda. Seja o sentido que isso tome.


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Agora (mais de vinte horas depois) algumas coisas já aconteceram. É verdade que eu planejava sair hoje à noite e acabei não indo, o que deixou a minha vontade de sair ao máximo enquanto der meio no afogamento, mas azar. Tenho coisas pra fazer, como postar isto aqui. Tenho coisas mais importantes também. D: Mas fomos hoje cedo comprar algumas coisas, e no final eu provavelmente não vou precisar sair pra compras tão logo, não preciso escolher estampa de toalha de banho. E tô mais... calmo, não sei. Já assimilei parte boa da informação, e é hora de deixar o pragmatismo tomar conta. Ou talvez nem tanto. Minha mãe me disse hoje uma coisa que faz muito sentido - que o primeiro ano de faculdade vai passar muito rápido. Não duvido. E ainda bem que existem finais de semana. :D

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Adias? Há dias...

Don't procrastinate, don't articulate, girl it's getting late, gettin' upset waitin' around! ~ Elvis "The Pelvis" Aaron Presley

Tava eu pensando cá com meus botões (adoro essa expressão. não faz muito sentido, por sinal) nas coisas que tenho pra fazer este mês. Matrícula, lugar pra morar e outras coisas ligadas à faculdade, livros pra devolver, além de uns outros projetos paralelos. Na verdade nem é tanta coisa. Enfim. Outro dia, no meio de uma conversa, eu ouvi um "depois do carnaval, você vê aquilo pra mim?". Na verdade não era "vê aquilo" e as pessoas em questão teoricamente têm motivos pra protelar o que quer que seja - minha memória seletiva já se esqueceu disso - mas acabei pensando sobre essa coisa de deixar pra depois. Quando tava entrando o ano, todas as coisas eram pra ser começadas no dia primeiro. Ou quando acabassem as festas. Ou, dependendo do caso, a viagem, as férias... Esse esquema. Mas chegou fevereiro, e os motores só começam a girar quando passar o carnaval. Pra quem está em aulas, são as provas que começam. Pra quem não tá, tcharaan, são as aulas. Pra quem já passou dessa fase costuma ser mais simples, você é obrigado a trabalhar e o carnaval é só parte disso.

Mas partamos para as resoluções pessoais. Eu acho esquisita essa coisa de depender de um evento A pra começar o evento B. Desde quando a gente é computador pra fazer isso? Uma vez o irmão de um amigo meu perguntou se eu bebia. Eu neguei, e ele disse "mas vai começar quando entrar na faculdade, né?", como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Entrou na facul? Trote, bebedeira, putaria, putaria e bebedeira. Nada contra quem quer beber só é bom que o sujeito tenha noção. Eu não conheço ninguém que não saiba que beber demais deixa bêbado (OH!) e que bêbado fala e faz merda (OHHH!) regularmente. E foi o caso, a personalidade aí bateu o carro do pai depois. Mas voltando ao assunto: por que cargas d'água - outra expressão sem sentido que eu conheça, mas sempre muito divertida - imagine uma carga d'água - alguém esperaria entrar na faculdade para começar a beber? O único motivo plausível para isso, que eu consiga imaginar, seria um cara vindo de uma família super rígida (não pode beber) e manipuladora (eles sabem onde você está, não adianta se esconder) que vá fazer faculdade fora. Só que se for assim, a menos que papai e mamãe tenham cheirado maconha e fumado cocaína, eles vão continuar com o GPS ligado, então... Então sei lá, não faz sentido e boa. Se quer tanto beber, por que colocar uma data pra começar? O raciocínio é o mesmo pra dieta e pro estudo. Se quer MESMO MESMO, começa quando pensar nisso! Agora, se quiser dar aquela semana de folga antes de seguir firme, ótimo, boa sorte. Só não deixe a semana durar mais de sete dias.

Outra possibilidade é o cara ter entrado e de repente começado a voltar bêbado pra casa, mas aí é maria-vai-com-as-outras. Bem diferente. Anyway, isso serve pra qualquer coisa. Se você ignora a data de começo, é um obstáculo a menos, a vida se acelera. Dá pra usar o tempo livre melhor do que esperando, ou esperar fazendo qualquer coisa de útil. E normalmente não tem por que adiar a vida, mesmo quando parece ser melhor, à primeira vista.

PS - Uma boa frase: "Adoro pular o carnaval. Durmo no sábado e só acordo na quarta-feira"

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Empezando, então.

Escreverei a várias vozes. Nem sempre saberei quem está falando, daí é improvável que mais alguém saiba. Mas não é motivo para se preocupar, a mensagem costuma ser clara, e é assim que tem que ser: a obra acima do autor.

Estava lembrando de aí outro dia que eu estava tentando explicar para a Ju, a Dé e o Minas Gerais uns pensamentos antigos meus.

Sabe quando literalmente faltam palavras para explicar o que você tem a dizer?

Eu sei bem que isso é natural, a linguagem de cada um depende de sua bagagem. Quem não é esquimó não tem vinte palavras pra diferenciar um tipo de neve do outro, e quem mora numa ilha lá pela polinésia não precisa diferenciar azul do verde. Só exemplos.
É que a gente, por alguma razão, chegou na palavra BIZARRO - eles devem se lembrar. Essa, segundo o meu primo (e eu concordo com ele), é uma palavra que dá pra se escrever de vááárias maneiras. Mais ainda se for bizarre, em vez de bizarro. Isso abre caminho pra bzar, b-zaa, bezerra, bzoor, BZAH... enfim! Eu então falei que bizarro é uma palavra que se descreve, é uma palavra bizarra. Autodescrevente. Eu tentei procurar exemplos parecidos, e lembrei do clássico exemplo: batata.

Sério, como que eu ia explicar "quão batata é a batata"? Parece até idiota eu falar nisso, por causa daquela falta de vocabulário que eu mencionei ali em cima. Eu não queria apelar pro "batatal", porque daí a conversa sairia (mais) do sério. Tentei ajudar com um professor meu do colegial: o apelido do cara era batata, porque ele era careca e baixinho. Natural. Mas acontece que ele tinha voz de batata também, uma voz pra qual o melhor adjetivo que eu pude achar foi achatada. É, achatada. Uma voz compacta, plana, morna, seca mas não árida. Só... curta. Esse é o tipo de situação que frustra, porque você não consegue passar a mensagem. Em compensação, quando alguém entende - seja com ajuda da explicação ou sem ela - você se sente bem, alegre, sente aquela coisa de "ao menos não só eu".

Quem fala desse assunto com autoridade, se é que isso é possível, é o Luiz Fernando Verissimo. Por sinal, eu sou fã dele. Tem uns textos dele que exemplificam melhor do que a minha imaginação consegue no momento. Na verdade, esse é um tema que volta e meia aparece em textos dele, mas tem uns que tratam bem do que eu falei aqui.

Palavreado - http://xadai2.blogspot.com/2008/04/palavreado-luis-fernando-verssimo.html
Pudor - http://ciberduvidas.sapo.pt/antologia.php?rid=765

Postado por Robert (Loo) às 07:53

Let the game begin!

Eu estranho começar um blog, apesar disso ser algo que eu queria já fazia um certo tempo.

Estranho porque, apesar de já ler vários faz um tempo, cheguei à conclusão que não sei muito sobre o blog em si. Eu ia até ficar um tempo pensando sobre o que deveria escrever no primeiro post, se deveria me apresentar, talvez falar sobre o que havia me levado a escrever, ou se o melhor era começar já de cara, como um diário que se abre no meio. Confesso que a vontade é essa, apesar de parte de mim não querer forçar os leitores a decifrarem a forma.

Mas acho que cheguei a um consenso. O melhor é revelar o que tiver que ser revelado aos poucos; informação demais pesa - e como. Portanto, acho que o melhor é deixar uma sugestão singela ao quem por estas bandas se aventura: deixe suas opiniões prévias no chão, dispa-se delas enquanto ninguém o vê. Quando for necessário, elas estarão lá.

E não se espante se se espantar.