Ele aprendeu a ler antes de completar um ano e meio.
Ela aprendeu a falar cantando, e a dançar, andando.
Ele entrou na escola mais cedo, era o mais novo da turma.
Ela já aos cinco trabalhava no balcão da loja dos pais.
Ele já tinha barba completa, quando seus colegas contavam quem tinha mais pelos no bigode.
Ela foi a primeira a usar absorvente e a emprestar o sutiã da mãe - por necessidade.
Ele saiu da escola mais cedo, ingressou na faculdade em plena puberdade.
Ela saía da escola mais cedo, tinha um emprego meio-período.
Ele se formou recém-vintolescente, enquanto os amigos de infância passavam no vestibular.
Ela tocava o próprio negócio e duas filiais da loja, enquanto fazia aulas de direção.
Ele pulou o mestrado, tornou-se o mais jovem doutor em uma área pioneira.
Ela, cansada de namorar moleques de sua idade, resolveu investir nos colegas do MBA. Conheceram-se lá.
Ele acabou a noite na casa dela, sem sequer lembrar seu nome.
Ela sequer lembrava seu nome, só queria saber onde ficava o interruptor, para apagar as luzes.
Não deu tempo de alcançar o interruptor. Nem de tirar a roupa, quanto menos de vestir a camisinha.
Ele aprendeu rápido o jeito dela, ela aprendeu como ele queria ser tratado.
Ele entrava mais cedo, ela saía mais cedo
Ele não tinha tempo para o casamento, ela não tinha tempo para cuidar de casa.
Ele não tinha tempo para fazer sua parte, ela não tinha tempo para saber que parte era essa.
O bebê nasceu prematuro.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Ode às músicas que na verdade não fazem muito sentido
Este é um ode às músicas que na verdade não fazem muito sentido
Ódio que se passa por ode, face que passa fascinação
Como podem ser tantas, e, no entanto, serem pouco ou tão?
Elas vão aos montes, muitas nem se diz se são
E no frigir da vontade, em mensagem, pouco dão
Mas borbulham, proliferam, fazem fama, dinheiro, culhão
Este é um hino aos poemas que na vedade não fazem muito sentido
Antigos qual a arte em si, versos cravados de sol a sol
Efeitos rimáticos, psicossemânticos, neocacofonias de dar dó
Eles já são regra, sua forma, o padrão
Já nem se questiona, ditam o estilo cão
Pessoalmente, melhores que lidos, só escritos à mão
Esta é uma homenagem à arte, quando só em parte chega a fazer sentido
Homens que não agem à parte, é até bonito quando o princípio é seguido
Se a obra é feita porque se deve fazê-la
Sem mais nem menos, sem nenhuma outra função
E fica claro que esse era o intuito, então
Cabe a quem sabe dar razão ao que se toca,
dar razão ao que lhe toca, que lhe toca o coração.
Ódio que se passa por ode, face que passa fascinação
Como podem ser tantas, e, no entanto, serem pouco ou tão?
Elas vão aos montes, muitas nem se diz se são
E no frigir da vontade, em mensagem, pouco dão
Mas borbulham, proliferam, fazem fama, dinheiro, culhão
Este é um hino aos poemas que na vedade não fazem muito sentido
Antigos qual a arte em si, versos cravados de sol a sol
Efeitos rimáticos, psicossemânticos, neocacofonias de dar dó
Eles já são regra, sua forma, o padrão
Já nem se questiona, ditam o estilo cão
Pessoalmente, melhores que lidos, só escritos à mão
Esta é uma homenagem à arte, quando só em parte chega a fazer sentido
Homens que não agem à parte, é até bonito quando o princípio é seguido
Se a obra é feita porque se deve fazê-la
Sem mais nem menos, sem nenhuma outra função
E fica claro que esse era o intuito, então
Cabe a quem sabe dar razão ao que se toca,
dar razão ao que lhe toca, que lhe toca o coração.
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