quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Malabarismo


De um lado está o perfeccionismo, a ideia de que se algum trabalho ou projeto pelo qual eu me sinta mais ou menos responsável não sair ou sair malfeito, eu não vou (me) perdoar. Não sei até que ponto isso é bom, ou até que ponto é egoísmo e exagero.

Do outro lado, a noção de que eu tenho que criar prioridades, e de que nem sempre se pode fazer tudo bem feito, de que nem sempre tudo vai sair como eu quero, por mais que eu esteja certo de que estou certo. Sem falar que, acima dos meus objetivos, deve ficar o cuidado com a minha saúde, e com as coisas pelas quais eu já sou responsável. Relacionamento, família e tal.

Não chega a ser mania de perfeição, nem tudo precisa sair perfeito, e mesmo se eu não der tudo de mim, ainda é compreensível; eu certamente tenho outra coisa para fazer. Ainda assim, imperfeito é claramente diferente de PORCO - isso é subjetivo, sim, mas também insuportável. É óbvio que eu não passaria a viver sob a sombra do que me desagradou e ficou além do meu alcance, até porque passaria a viver sobre essa sombra, verdade seja dita. E mesmo assim, seria uma pedra na espinha dorsal do ego. Novamente aquele dilema de "haha, você é humano! você não é capaz de fazer tudo bem feito e ao mesmo tempo!"

Eu sou humano, pois. É justamente isso que me livra da culpa (pois sejamos sinceros, é culpa) que sentiria se não conseguisse dar conta de todas as funções a mim mesmo impostas. Por isso que é bom dividir o trabalho, delegar tarefas simples a quem pode cumpri-las sem entrar em desespero, coisa que acontece, quando se acumula demais. E essa é a melhor coisa para se fazer - pôr na mão de alguém confiável, que saiba o que está fazendo, e, já que insiste(insisto), que entenda o que eu quero e faria.

Mas e na falta dessa pessoa? Sim, eu sou humano, e é essa a beleza da coisa - a humanidade em mim é o que me faz superar limites, evoluir. Na verdade, não fosse isso, seria qualquer outra coisa, mas é esse caráter que me permite fazer mais do que espero, e espera-se, de mim. Eu posso, e tenho o direito de tentar.

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