Tem tanta coisa nesse mundo modernão de hoje que tá ameaçada de se extinguir. Várias já caíram pra categoria de mathom, aquelas coisas que você mantém não por necessidade, mas porque não quer abandonar. Quem ainda tira foto e revela o filme? Quem ainda usa o correio para conversar? Orelhão ou celular? Basicamente, dois grupos: o que o faz por prazer, e o que não tem acesso ao mais recente. Na verdade eu me incluo um pouco em cada; aquele cartão telefônico vem a calhar quando os créditos acabam.
Ainda assim, CD já é coisa de camelô, ou de fã que quer contribuir. Apoiar a pirataria hoje já não é necessariamente crime, tem organizações sérias como o Partido Pirata (ééé) a favor, por exemplo, de mais liberdade. Creative Commons, software livre... um amigo meu disse que o futuro é livre. Concordo.
O jornal tá virando gasto de papel, quem quer pode muito bem ler suas notícias em tempo real na internet. Não precisa esperar o dia seguinte. Mesmo o jornal na TV à noite tá ficando ultrapassado, hoje só quem não quer (ou não tem como) acessar ler suas notícias online faz uso dele. Aí vêm RSS e Twitter, pra acabar com a graça: se todo mundo tá comentando alguma coisa, se alguma agência de notícias solta um link, não precisa de mais nada pra se informar. Repara que ainda precisa desse papel do jornalismo, mas não do jornalismo no papel. E não é o tipo de coisa que deve ou deveria acabar.
Os livros estão ali com Kindle, iPad e semelhantes: outro dia vi uma pesquisa sobre onde é melhor ler um livro, e todos eles tiveram quantidade semelhante de votos, o único que perdeu foi o Desktop - também pudera, ninguém gosta de ler torto numa cadeira, olhando pra tela. Sem falar que pra muita gente fica muito semelhante - anatomicamente, é igual - às suas horas de trabalho. Dá pra compreender a vontade de sair do computador pra ler, nem que seja usando um outro, camuflado de prancheta.
E por aí vai. Não é triste, nem necessariamente bonito. O papiro coexistiu com a litografia, até que ninguém mais fazia questão de carvar mensagens na pedra. Mas e se quisessem salvar a pedra? E se quiserem salvar os livros de papel, ou os direitos autorais sobre a música? Tem uma palavra pra isso. Ou duas, não sei, ainda não me dou bem com a nova ortografia. Como é neologismo, deixa que eu (não) decido: rede-socialize. Ou só socialize.
Eu prefiro não fazer propaganda de quem tá tentando (com crescente sucesso) dominar o mundo, mas já usaram o Google Reader? Eu não, por pura e sincera preguiça. Na verdade, entre esta e a frase passada, acabei de fazê-lo, por descuido e descaso, mas meu discurso continua o mesmo: já viu coisa mais prática? Mata aquele argumento de "tem que filtrar, ninguém quer ler uma avalanche de mensagens sem sentido" que usam contra o Twitter. É uma crítica válida, mas não justifica a inexistência do serviço. A ideia é "um passarinho me contou", e não "notícias em primeira mão".
Sem falar de Skoob, MySpace e tantas outras maneiras novas de se compartilhar informação. Pelo que me parece, nos anos de agora, se você quer salvar um negócio, não basta mais investir no indivíduo e na beleza da unicidade. É preferível fazer com que ele se sinta integrado, um elemento importante e interessante de um grupo, que pode usufruir não só de suas contribuições, mas de todos os outros membros.
E não estou falando só do flogão dos migs ou daqueles blogs de receita de comadre.