sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Obsessão inventada

Você me fascina.
Não sei se é o momento de encontro entre dois desconhecidos - falsos amigos talvez, mas não tanto a amigos falsos - mas mais a duração de algo tão... sutil, fino, quase inexistente, e ainda assim, esquisitamente estável.

Superficial como superfície, da aparência, mas não de falta de profundidade. Fino, também, mas não, talvez, na qualidade. Relação é forte demais, mas é uma relação fora da causalidade (ou isso alguma lembrança se fez omitir: probabilidade?). São fios que ligam as duas partes, ninguém sabe como, pois ninguém os vê. Quem sabe o que me maravilha tanto é tentar encontrá-los, pois sei que existem. A realidade está aí pra comprovar!

Quando vejo, estou com suas fotos diante de mim, como para tentar extrair um mínimo de informação, tentar fisgar algum detalhe, algum lampejo desapercebido da sua alma, pois, querendo ou não, sei pouco mais que o seu nome. Posso até ler a sua forma de pensar, o pouco que você externaliza ou intern(et)aliza de seu cotidiano, mas os detalhes banais e desimportantes, ironicamente, fazem falta. Não conheço sua voz, o que faz da vida (ok, o que REALMENTE faz da vida), por outro lado me sinto mais à vontade com você do que com outras pessoas que supostamente conheço - pois esta palavra cada vez faz menos sentido - melhor, ou há mais tempo. Aliás, há quanto tempo? Não sei. Em algum momento a minha memória episódica lembra de ter te encontrado, e nesse instante já fazia tempo que a gente não se via... hein? Na hora até questionei. Me parece mais é que os fios sou eu que estou atando. Mas foi você que acenou primeiro!

Será que você pensa (em? não, com certeza não) de mim? O que será que pensa? Sou eu que tenho a cabeça fraca ou você também não lembra das nossas conversas sequer terem existido? Não se confunde um estranho assim tantas vezes, e não se leva farsa adiante quando o estranho é o último a perceber. Como posso dizer que alguém me atrai sem ser mal(a) interpretado? Talvez só o fato de ser algo desconhecido e ainda assim tão vibrante, tão exótico a mim e mesmo assim inconscientemente(mente?) familiar. Eu sinto como se tivesse algo a acrescentar, mas é apenas vontade de fazer bater a realidade e a aparência. Estranho construir uma amizade de ponta cabeça, é mais difícil saber de que ponto você partiu, quem dirá onde vai parar.

Olhando a sua cara de brava congelada, fico aqui imaginando sua vida, seu jeito de sentir o mundo, e principalmente - eu ignoro o paradoxo - todas as coisas que eu provavelmente imagino errado e me iludo. No entanto, você não sai da minha consciência. Acho que te vi passar, começo a ver coincidências e criar hipóteses para aos poucos ligar os fios e zás, tudo se passa como nada se passasse!...

Ou talvez o melhor seja descobrir um nome científico pra isso, dizer que é condição clínica ou efeito psicológico, e não esquentar mais a cabeça.

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