terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Empezando, então.

Escreverei a várias vozes. Nem sempre saberei quem está falando, daí é improvável que mais alguém saiba. Mas não é motivo para se preocupar, a mensagem costuma ser clara, e é assim que tem que ser: a obra acima do autor.

Estava lembrando de aí outro dia que eu estava tentando explicar para a Ju, a Dé e o Minas Gerais uns pensamentos antigos meus.

Sabe quando literalmente faltam palavras para explicar o que você tem a dizer?

Eu sei bem que isso é natural, a linguagem de cada um depende de sua bagagem. Quem não é esquimó não tem vinte palavras pra diferenciar um tipo de neve do outro, e quem mora numa ilha lá pela polinésia não precisa diferenciar azul do verde. Só exemplos.
É que a gente, por alguma razão, chegou na palavra BIZARRO - eles devem se lembrar. Essa, segundo o meu primo (e eu concordo com ele), é uma palavra que dá pra se escrever de vááárias maneiras. Mais ainda se for bizarre, em vez de bizarro. Isso abre caminho pra bzar, b-zaa, bezerra, bzoor, BZAH... enfim! Eu então falei que bizarro é uma palavra que se descreve, é uma palavra bizarra. Autodescrevente. Eu tentei procurar exemplos parecidos, e lembrei do clássico exemplo: batata.

Sério, como que eu ia explicar "quão batata é a batata"? Parece até idiota eu falar nisso, por causa daquela falta de vocabulário que eu mencionei ali em cima. Eu não queria apelar pro "batatal", porque daí a conversa sairia (mais) do sério. Tentei ajudar com um professor meu do colegial: o apelido do cara era batata, porque ele era careca e baixinho. Natural. Mas acontece que ele tinha voz de batata também, uma voz pra qual o melhor adjetivo que eu pude achar foi achatada. É, achatada. Uma voz compacta, plana, morna, seca mas não árida. Só... curta. Esse é o tipo de situação que frustra, porque você não consegue passar a mensagem. Em compensação, quando alguém entende - seja com ajuda da explicação ou sem ela - você se sente bem, alegre, sente aquela coisa de "ao menos não só eu".

Quem fala desse assunto com autoridade, se é que isso é possível, é o Luiz Fernando Verissimo. Por sinal, eu sou fã dele. Tem uns textos dele que exemplificam melhor do que a minha imaginação consegue no momento. Na verdade, esse é um tema que volta e meia aparece em textos dele, mas tem uns que tratam bem do que eu falei aqui.

Palavreado - http://xadai2.blogspot.com/2008/04/palavreado-luis-fernando-verssimo.html
Pudor - http://ciberduvidas.sapo.pt/antologia.php?rid=765

Postado por Robert (Loo) às 07:53

2 comentários: